03 Mar 2013 06:15 AM PST.
A Associação dos Magistrados Brasileiros, a Associação
dos Juízes Federais do Brasil e a Associação Nacional dos Magistrados da
Justiça do Trabalh, que congregam a quase totalidade dos juízes brasileiros,
emitiu uma dura nota ainda no sábado, em resposta às delirantes, arrogantes e
impertinentes declarações do presidente do STF Joaquim Barbosa à imprensa
internacional, que criticamos aqui e aqui.
A nota coloca o Alienista do STF em seu devido lugar:
A
Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), a Associação dos Juízes Federais
do Brasil (Ajufe) e a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do
Trabalho (Anamatra), entidades de classe de âmbito nacional da magistratura, a
propósito de declarações do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) em
entrevista a jornalistas estrangeiros, na qual Sua Excelência faz ilações sobre
a mentalidade dos magistrados brasileiros, vêm a público manifestar-se nos
seguintes termos:
1. Causa perplexidade aos juízes brasileiros a forma
preconceituosa, generalista, superficial e, sobretudo, desrespeitosa com que o
ministro Joaquim Barbosa enxerga os membros do Poder Judiciário brasileiro.
2. Partindo de percepções preconcebidas, o ministro
Joaquim Barbosa chega a conclusões que não se coadunam com a realidade vivida
por milhares de magistrados brasileiros, especialmente aqueles que têm
competência em matéria penal.
3. A comparação entre as carreiras da magistratura e
do Ministério Público, no que toca à “mentalidade”, é absolutamente incabível,
considerando-se que o Ministério Público é parte no processo penal, encarregado
da acusação, enquanto a magistratura —que não tem compromisso com a acusação
nem com a defesa— tem a missão constitucional de ser imparcial, garantindo o
processo penal justo.
4. A garantia do processo penal justo, pressuposto da
atuação do magistrado na seara penal, é fundamental para a democracia, estando
intimamente ligada à independência judicial, que o ministro Joaquim Barbosa,
como presidente do STF, deveria defender.
5. Se há impunidade no Brasil, isso decorre de causas
mais complexas que a reducionista ideia de um problema de “mentalidade” dos
magistrados. As distorções —que precisam ser corrigidas— decorrem, dentre
outras coisas, da ausência de estrutura adequada dos órgãos de investigação
policial; de uma legislação processual penal desatualizada, que permite
inúmeras possibilidades de recursos e impugnações, sem se falar no sistema
prisional, que é inadequado para as necessidades do país.
6. As entidades de classe da magistratura,
lamentavelmente, não têm sido ouvidas pelo presidente do STF. O seu
isolacionismo, a parecer que parte do pressuposto de ser o único detentor da
verdade e do conhecimento, denota prescindir do auxílio e da experiência de
quem vivencia as angústias e as vicissitudes dos aplicadores do direito no Brasil.
7. A independência funcional da magistratura é
corolário do Estado Democrático de Direito, cabendo aos juízes, por imperativo
constitucional, motivar suas decisões de acordo com a convicção livremente
formada a partir das provas regularmente produzidas. Por isso, não cabe a
nenhum órgão administrativo, muito menos ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ),
a função de tutelar ou corrigir o pensamento e a convicção dos magistrados
brasileiros.
8. A violência simbólica das palavras do ministro
Joaquim Barbosa acendem o aviso de alerta contra eventuais tentativas de se
diminuírem a liberdade e a independência da magistratura brasileira. A
sociedade não pode aceitar isso. Violar a independência da magistratura é
violar a democracia.
9. As entidades de classe não compactuam com o desvio
de finalidade na condução de processos judiciais e são favoráveis à punição dos
comportamentos ilícitos, quando devidamente provados dentro do devido processo
legal, com garantia do contraditório e da ampla defesa. Todavia, não admitem
que sejam lançadas dúvidas genéricas sobre a lisura e a integridade dos
magistrados brasileiros.
10. A Ajufe, a AMB e a Anamatra esperam do ministro
Joaquim Barbosa comportamento compatível com o alto cargo que ocupa, bem como
tratamento respeitoso aos magistrados brasileiros, qualquer que seja o grau de
jurisdição.
Brasília, 2 de março de 2013.
Nelson Calandra
Presidente da AMB
Nino Oliveira Toldo
Presidente da Ajufe
Renato Henry Sant'Anna
Presidente da Anamatra [Fonte], Via E-mail araujo.valdi@hotmail.com postado por
Marcos Imperial.
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