Apesar do destaque obtido no Relatório de
Desenvolvimento Humano 2013 como um dos 15 países que mais reduziram o déficit
no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), entre 1990 e 2012, a colocação
obtida pelo Brasil não agradou ao governo. Os ministros do Desenvolvimento
Social, Tereza Campelo, e da Educação, Aloísio Mercadante, classificaram o
estudo apresentado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud)
de “injusto”, diante dos avanços ocorridos no país nos últimos anos.
Em
entrevista à imprensa nesta quinta-feira (14), Tereza Campelo disse que a
avaliação “é injusta com o Brasil", e que os dados referentes ao país
“estão incorretos”. Também presente na entrevista coletiva, Mercadante apontou
defasagem nos dados relativos à escolaridade dos brasileiros. “Eles [os
técnicos do Pnud] não atualizaram os dados referentes à escolaridade. No caso
do Brasil, os dados são de 2005, principalmente no que diz respeito aos anos de
escolaridade esperados,” reclamou.
Para o
1º vice-presidente da Comissão de Educação, deputado Arthur Bruno (PT-CE),
se os dados fossem atualizados a colocação do Brasil seria muito melhor. “O
Brasil foi país que mais avançou, nos últimos anos, no grau de escolaridade,
universalização do ensino e na inclusão social com distribuição de renda”,
afirmou. Na educação, Bruno lembrou que em 2002 o Brasil investia 3,5% do PIB
e, atualmente, a cifra já chega a 6% do PIB. “E a meta é alcançarmos 10% nos
próximos dez anos”, destacou.
Os
números do relatório apontam, em 2012, que a escolaridade esperada para as
crianças brasileiras é 14,2 anos, o mesmo índice registrado em 2000. “Nesse
período, os anos de escolaridade esperados evoluíram de 14,2 para 16,7. Com
isso, o Brasil subiria 20 posições no IDH,” explicou. Segundo o Pnud, o Brasil
ocupa a 85ª colocação entre 187 países pesquisados.
O
ministro criticou ainda o fato de o relatório registrar apenas 26 mil crianças
a partir dos cinco anos na escola. "Hoje nos temos 4,6 milhões. Se o Pnud
quiser, nós podemos informar o nome e a escola de cada uma delas”. Os números
referentes à média de anos de escolaridade para a população com mais de 25 anos
escolaridade, de acordo com Mercadante, também estão desatualizados. O relatório registra 7,2 anos, ante 7,4, na conta do ministro.
Na
opinião de Mercadante, o índice apresentado pelo Pnud não leva em consideração
as mudanças pelas quais o país passou desde 2000. “Em uma década, tiramos uma
Argentina da extrema pobreza. Este salto não está presente, pois no cálculo
eles não consideram os dados atualizados”, ponderou.
Justificativa- Em entrevista coletiva, o representante
do Pnud no Brasil, Jorge Chediek, confirmou a defasagem dos dados, atribuindo à
metodologia utilizada para elaborar o relatório. “No relatório usamos dados
universais e, em geral, são atrasados para tentar manter a mesma base de dados
entre os países. Nem todos tem o mesmo ritmo de atualização do Brasil,”
justificou. Segundo ele, parte dos dados é referente a 2005 e 2010.
Mesmo
com essas ressalvas, tanto das autoridades brasileiras como do Pnud, boa parte
da mídia conservadora deu destaque aos aspectos negativos, como o suposto
atraso do Brasil em relação a outros países sul-americanos . Ignoraram-se os
avanços citados pelos ministros. E os jornais e suas agências parecem ter
ignorado também aviso do site do PNUD de que os números deste ano não devem ser
comparados com os do ano passado, por ter havido “mudança de metodologia”. Héber
Carvalho com agências postado por Marcos Imperial.
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