Volume de venda.
Possuir um grande mercado
doméstico de consumo é o desejo de qualquer país. Se, por um lado, a ampliação
do mercado aumenta o acesso da população a bens de consumo, por outro, torna a
produção nacional menos dependente de humores internacionais. É estratégico
para um país possuir milhões de consumidores que vão aos mercados domésticos
adquirir bens e serviços. Uma economia é menos afetada por crises econômicas
internacionais quando tem o seu próprio espaço de vendas e compras. Em termos
econômicos e sociais, uma das mais importantes mudanças estruturais do Brasil
nos últimos anos foi a constituição de um enorme mercado de consumo. Vários
vetores impulsionaram essa transformação: a valorização do salário mínimo, a
ampliação do crédito, a queda das taxas de juros, a ampliação do programa
Bolsa-Família, a queda da taxa de desemprego, o aumento do emprego com carteira
assinada e a elevação do rendimento dos trabalhadores.
Classe de renda.
O IBGE por meio da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) mostrou que o
volume de vendas do comércio varejista dobrou nos últimos dez anos. A PMC com
abrangência nacional teve início no ano de 2000. Além desse crescimento
extraordinário, o segmento gera mais de 8,5 milhões de empregos formais,
segundo o Ministério do Trabalho. Os novos consumidores do mercado doméstico
são trabalhadores. Houve nos últimos anos, uma enorme expansão da classe
trabalhadora, aquela que “sua a camisa”, que sofre dia-a-dia nos transportes
urbanos. Não é correto afirmar que a base que explica a expansão do mercado
doméstico de consumo é uma nova classe média. A classe média é formada por
médicos, advogados, administradores, psicólogos… profissionais liberais que não
são capitalistas e nem despendem dia a dia a sua força física na produção de
bens e na geração de serviços. O alargamento do mercado doméstico tem como base
milhões de indivíduos, homens e mulheres, que vendem a sua força de trabalho e
recebem salário. Em sua maioria, ganham menos que três salários mínimos. São
operários da construção civil, comerciários, motoristas, garis, empregadas
domésticas, moto-boys etc. Eles são os novos consumidores brasileiros. É gente
que imigrou para o sudeste de ônibus e hoje volta ao nordeste para visitar seus
parentes de avião.
Mais de 42 milhões ingressaram, portanto, nas classes de renda A+B+C no
período 2003-11. Majoritariamente não ingressaram na classe média, ingressaram
tão somente nas classes de renda que podem consumir de forma regular. Este
movimento reflete a expansão da classe trabalhadora. Em 2003, o Brasil possuía
29,5 milhões de trabalhadores formalizados. Em 2012, este número aumentou para
quase 48 milhões. Além da quantidade de trabalhadores formais, também cresceu o
número de empregados informais e de trabalhadores por conta própria.Em 2003, o
mercado de consumo brasileiro era sustentado por 45,2% da sua população, que
representavam as classes de renda A, B e C (eram 79,2 milhões de pessoas). As
classes de renda D e E possuem baixa capacidade de compra que, ademais, é
irregular. A partir de 2011, o percentual da população que passou a sustentar o
mercado de consumo aumentou para 63,7% (o que equivale a mais de 122 milhões de
brasileiros). Foi esse imenso mercado de milhões de consumidores que auxiliou o
enfrentamento da crise financeira internacional de 2009. Naquele ano, esse
conjunto de trabalhadores e suas famílias atenderam o apelo do presidente Lula
para que não adiassem o sonho de trocar de geladeira ou de comprar um carro
popular zero quilômetro. Esse mercado de consumo também é um canal de
desenvolvimento econômico. O Brasil possui consumidores que podem gerar
compras, produção, investimento e milhões de empregos. É também um canal de
desenvolvimento social na medida em que os milhões de empregos que é capaz de
gerar são um importante instrumento de redução de desigualdades. Fonte: Carta Capital, postado por Marcos Imperial.
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