
Desde
que o Bolsa Família foi criado, quase 1,7 milhão de famílias declararam que
tinham renda familiar acima do limite permitido e saíram espontaneamente do
programa. Compartilhe e ajude a espalhar a boa notícia!
CAMPO FORMOSO (BA),
TIMBIRAS (MA) e FORMOSA (GO) - Em quase uma década, 1,69 milhão de famílias de
beneficiários do Bolsa Família saíram espontaneamente do programa, depois de
declarar que tinham renda familiar acima do limite permitido, que é de R$ 140 mensais
por pessoa. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome diz
desconhecer, porém, quantas dessas pessoas de fato saíram porque conseguiram
emprego e passaram a ganhar mais.
O secretário nacional de
Renda de Cidadania, Luís Henrique de Paiva, enfatiza que esses 1,69 milhão de
beneficiários prestaram informações voluntariamente, durante a atualização
cadastral, feita a cada dois anos pelas prefeituras. Segundo ele, o governo não
sabe é se as pessoas passaram a ter mais renda ou ocorreu uma diminuição do
número de integrantes da família, o que fez crescer a renda per capita.
— O Brasil ainda não tem um
Big Brother para saber, caso a caso, o que aconteceu — diz Paiva.
Em relação ao universo
atual de 13,8 milhões de famílias contempladas — totalizando 50 milhões de
pessoas —, os beneficiários que deixaram o programa por informar renda maior
que a permitida correspondem a 12%.
Em outra frente, a
fiscalização excluiu 483 mil beneficiários flagrados com renda maior do que a
permitida. O balanço cobre um período de quase dez anos, desde a criação do
Bolsa Família, em outubro de 2003, até fevereiro de 2013. Ao visitar famílias
contempladas, O GLOBO constatou que não falta gente com medo de perder o
benefício. Uma pergunta ouvida com frequência quando os repórteres batiam à
porta das famílias sintetiza esse estado de espírito: “É para cortar?”,
indagavam os moradores.
— Estou até assustada.
Daqui a pouco vão me prender por causa de um dinheirinho desse — foi logo
dizendo a diarista Rosana Nascimento Oliveira, de 35 anos, que ganha R$ 172 por
mês.
Mãe de três filhos
adolescentes, Rosana trabalha três vezes por semana, limpando residências e
lavando roupas, em Formosa, Goiás. Diz que começou aos 12 anos, como babá,
depois que o pai morreu. Ela cobra R$ 30 por diária.
Rosana teme que um emprego
com carteira assinada a impeça de receber o Bolsa Família. Ela está
desinformada, pois o único critério levado em conta pelo programa é a renda
familiar per capita, obtida em emprego formal ou informal.
— Eu nem procuro serviço
fichado, com medo de perder esse dinheirinho. Diz que a gente não pode
trabalhar. E esse dinheirinho é uma salvação. A hora que eu não tiver mais
precisando, faço questão (de sair do programa). Mas, hoje, é muito útil para
mim — afirmou a diarista.
A empregada doméstica
Doraci Pinto de Melo, de 44 anos, foi outra que ficou com um pé atrás ao
receber a equipe do GLOBO, junto com uma assistente social da prefeitura de
Formosa.
Como O GLOBO revelou
no domingo, 522 mil beneficiários permanecem na folha de pagamento
desde o início do programa, o equivalente a 45% do total contemplado logo no
mês de estreia, em outubro de 2003. É o caso de Rosana e Doraci. Os filhos de
quem tem o benefício já cresceram, constituíram família e hoje ganham o próprio
repasse.
Somente casos extremos são
fiscalizados.
O Bolsa Família concede
benefícios com base na renda autodeclarada. O cadastramento é feito pelas
prefeituras, que são responsáveis por alimentar o Cadastro Único, onde são
selecionados os beneficiários. O crescimento do programa na última década deu
origem a uma rede de assistência que lembra a dos postos do INSS. Diariamente,
dezenas e até centenas de pessoas vão a cada secretaria municipal de
assistência social no país solicitar benefícios, atualizar o cadastro ou tirar
dúvidas.
Em Timbiras (MA), a 270
quilômetros de São Luís, a secretária de Assistência Social, Joyce Cachina,
condena o fato de o Cadastro Único ser autodeclaratório, preenchido só com base
em dados prestados pelo interessado. Por falta de profissionais, somente casos
mais extremos são fiscalizados in loco.
— Não tenho como dar conta
de 6 mil beneficiários na cidade. Nossa maior dificuldade é que as pessoas não
querem informar renda nenhuma. Se os dados tivessem que ser provados, teríamos
menos problemas — diz Joyce.
Em Campo Formoso (BA), a
400 quilômetros de Salvador, há casos em que a renda declarada ao CadÚnico
supera o limite do Bolsa Família. Portanto, é de conhecimento da prefeitura e
do governo federal. Mesmo assim, segundo servidores municipais ouvidos pelo
GLOBO, o benefício ainda é pago.
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