Sociólogo que lança nesta segunda-feira, em São Paulo, o livro "10
anos de governos pós-neoliberais no Brasil" diz, em entrevista exclusiva
ao 247, que este é um "bom momento" para se fazer um balanço da
gestão Lula, segundo ele, "um governo que deu certo", mas que a
imprensa tratou de forma "equivocada". Para Emir Sader, o julgamento
do chamado 'mensalão' não foi o maior caso de corrupção do País, como diz a
mídia, e sim as privatizações de FHC. "Claramente é uma manipulação",
afirma.
Via Gisele Federicce do 247 – Num "bom momento" para
se avaliar a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os dois
primeiros anos da presidente Dilma Rousseff, o sociólogo Emir Sader afirma que
este "é um governo que deu certo". Investimentos em políticas sociais
– o maior problema do Brasil, em sua visão – mostram o resultado: "É um
processo que transformou tanto o Brasil e provavelmente vai continuar
transformando".
Em entrevista exclusiva concedida ao 247 neste domingo, Sader fala sobre o livro
"10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil" - que organizou e
será lançado nesta segunda-feira 13 - e dá sua opinião sobre as próximas
eleições, o tratamento da imprensa à gestão petista e o julgamento do chamado
'mensalão', uma "manipulação" da mídia, em sua visão, que acabou
tirando a credibilidade do Supremo Tribunal Federal, responsável por promover
um "show midiático".
O primeiro evento
de lançamento acontece em São Paulo, com transmissão pela
internet, e contará com a presença de Lula, de Emir Sader, da filósofa Marilena
Chaui e do economista Marcio Pochmann. Os dois últimos têm textos publicados na
coletânea de análises sobre o período, que traz também uma entrevista inédita
com o ex-presidente. O livro está
sendo vendido a R$ 20, mas ganha versão eletrônica gratuita
até o fim do mês a partir desta segunda-feira.
Leia aqui parte
da entrevista inédita de Lula, publicada há uma semana pelo 247: Lula
diz que mídia nunca lucrou como na era Lula
E abaixo, os principais trechos da
conversa com Emir Sader:
Como foi feita a seleção de textos que
estão no livro?
Esse é um bom momento para se fazer um
balanço do governo Lula, sobre governos que deram certo. É um processo que
transformou tanto o Brasil e provavelmente vai continuar transformando, por
isso necessita de reflexões sobre as transformações que foram feitas, por que
foram feitas, por que não foram feitas. Os autores dos textos são pessoas que
estão identificadas com esse processo, alguns com pontos de vista mais
reflexivos, outros mais críticos mesmo.
Em que sentido essa entrevista inédita com
o ex-presidente Lula se mostra mais reveladora? O que é mais surpreendente?
Ele está articulando agora uma visão mais
global em relação ao governo. Não tem em particular nada que seja revelador,
embora tenha aspectos muito importantes. Em geral ele está articulando sobre a
transformação do que foi feito.
Qual sua avaliação sobre esses dez últimos
anos de governo?
É um governo que deu certo, que tem se
colocado como tema principal, priorizado políticas sociais, sempre passando por
adaptações. O Brasil sempre foi conhecido como o país mais igual do continente
mais desigual.
Em um trecho da entrevista, Lula diz que o
melhor a se fazer, num certo momento do governo, era parar de ler jornal e
assistir televisão. Você considera que foi uma decisão radical do
ex-presidente?
Não, no momento foi importante. Tem gente
que acaba sendo pautado pela mídia, acaba governando baseado na mídia. Se eles
fossem representantes da maioria, ainda vá lá, mas eles são representantes da
minoria. É um lobby privado.
Qual sua opinião sobre o tratamento que a
imprensa deu ao governo Lula? E agora, ao governo Dilma?
É um tratamento equivocado. No começo,
equivocaram as políticas que o Lula tinha implementado. Depois, acabaram tendo
que se render a elas.
A presidente Dilma é uma sucessora à
altura de Lula?
Como liderança popular é difícil, porque o
Lula só tem páreo com Getúlio [Vargas]. Agora como estadista, governante, sim.
Como você vê a denúncia do chamado
'mensalão' e o julgamento no STF?
O que quer que tenham sido fatos
concretos, eles foram superdimensionados. O maior caso de corrupção no Brasil
não foi este, foram as privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso.
Claramente é uma manipulação. Se não fosse isso, não haveria esse show
midiático que o Supremo Tribunal Federal promoveu. E que acabou enfraquecendo.
O STF escolheu um calendário eleitoral, uma coisa absurda, que acabou tirando
sua credibilidade.
O que significaria, a seu ver, a inclusão
do ex-presidente na acusação?
Tudo manipulação midiática. Eu faço uma
denúncia qualquer sem fundamento, chega à mídia e ganha eco. Qual é a
credibilidade que o [empresário] Marcos Valério tem pra falar de denúncias que
ele próprio está sendo condenado?
Qual a expectativa para 2014?
Acho que a Dilma tem possibilidades ótimas
de ser reeleita. Enfrentar problemas estruturais que até agora não foram
resolvidos. Tem que fortalecer a auto-suficiência alimentar, a pequena e média
empresa no campo, democratizar os meios de comunicação e, como um quarto ponto
eu destacaria a democratização do processo eleitoral. A via vai ter que ser
essa mesma que o PT apoia, com um referendo final com a população, não só com
os que foram eleitos. Postado por Marcos
Imperial.
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