Presidente destaca, durante evento em Salvador, a
importância da participação popular no processo de reforma política; "Eu
acredito muito na inteligência, na sagacidade do povo brasileiro. Eu não sou
daqueles que acham que o povo é incapaz de entender porque as perguntas são
complicadas", afirmou, sobre a proposta de plebiscito; ela foi recebida
com gritos de apoio e aplausos na cerimônia que anunciou medidas contra a seca
no semiárido nordestino; sobre os protestos do País, disse que "essas vozes
devem nos orgulhar".
Via 247 – A presidente Dilma
Rousseff foi recebida aos gritos de apoio e aplausos nesta quinta-feira 4 em
Salvador, no primeiro evento público que a presidente participa depois do
início das manifestações que ocorrem em centenas de cidades brasileiras. Dilma
anunciou, na capital da Bahia, o lançamento do Plano Safra Semiárido, que terá
uma série de medidas para o fortalecimento da produção agrícola e pecuária na
região.
Em relação aos protestos, Dilma afirmou que
"essas vozes devem nos orgulhar". Segundo a presidente, diferentes de
outros países, as manifestações do Brasil clamam por "mais direitos",
e não por democracia. "Nós somos capazes de ouvir as vozes das ruas. Aqui
nós temos democracia", afirmou. "E eu quero dizer que essa presidente
aqui ouviu claramente a voz das ruas. Tanto porque essa voz é legítima como
porque estamos numa democracia", acrescentou.
Dilma Rousseff destacou também a
importância da participação popular no que diz respeito à reforma política e
rebateu críticas ao dizer que não concorda com o argumento de que o povo é
incapaz de entender as perguntas de um plebiscito. "Eu acredito muito na
inteligência, na sagacidade do povo brasileiro, que sempre mostrou, ao longo de
toda a nossa história, que fez escolhas acertadas. Eu não sou daqueles que acham
que o povo é incapaz de entender porque as perguntas são complicadas",
disse.
Na avaliação da oposição, a melhor proposta
para consultar a população sobre o tema é o referendo, e não o plebiscito.
Chegou a ser apresentado o argumento de que o primeiro instrumento seria uma
forma mais simples de saber a opinião da sociedade. Nesta quinta-feira, o
governo anunciou que a realização do plebiscito, que seria, a princípio, ainda
neste ano, deve acontecer apenas em 2014 e as novas regras valerão a partir de 2016.
A presidente Dilma citou os cinco pactos
que apresentou em resposta às manifestações e agradeceu ao Congresso por ter
aprovado o projeto que destina parte dos royalties do pré-sal para a
educação. "Nós só seremos mais e melhores se tivermos educação de
qualidade. Nós precisamos de dar escola de qualidade, creche, educação em tempo
integral para todos os brasileiros e com igualdade. Agradecemos porque a medida
[dos royalties] foi aprovada no Congresso".
Medidas para o semiárido
"É preciso conviver com a seca",
defendeu a presidente em seu discurso, ao anunciar o Plano Safra Semiárido, que
de acordo com o governo, pretende garantir segurança produtiva, impulsionando
sistemas de produção adaptados à realidade do clima da região. Segundo Dilma
Rousseff, "não são necessárias migalhas de políticos", por isso é que
o governo está, "pela primeira vez", dedicando um plano para
o semiárido nordestino.
"Era preciso ter uma ação emergencial
pra enfrentar essa que era uma das maiores secas dos últimos cem anos. Essas
ações emergenciais são importantes, mas mais importante é saber que é possível
estruturar uma política de combate a questões que nunca foram enfrentadas
antes", afirmou. A presidente disse que não irá prometer que os resultados
serão colhidos "amanhã", mas garantiu que "eles virão". Ela
afirmou também que não pretende descansar enquanto não atender tudo aquilo que
for possível.
Agenda positiva
A presença da presidente diante do povo é
uma tentativa de retomada da agenda positiva do governo federal diante das
manifestações populares. Desde a última vez em que se expôs, na abertura da
Copa das Confederações, em Brasília, a presidente realizou encontros com
integrantes da sociedade civil e propôs um plebiscito para a reforma política.
Para quem apostou que a presidente se
esconderia após os atos públicos que varreram ruas de centenas de cidades
brasileiras, o movimento foi justamente o contrário: em seus discursos, Dilma
sempre defendeu as manifestações pacíficas e garantiu estar ouvindo as
"vozes das ruas", sem "transigir com violência", em
referência aos diversos atos de vandalismo registrados.
Propostas e encontros com a sociedade
A fim de atender as principais
reivindicações das ruas, como investimentos em saúde, educação, transporte e
menos corrupção, Dilma Rousseff se encontrou com representantes do Movimento
Passe Livre (MPL), que deu início aos protestos, de movimentos urbanos, do
Movimento LGBT e estudantes, além de centrais sindicais. O próximo encontro
será na sexta-feira 5, com movimentos sociais do campo.
O ministro-chefe da Secretaria-Geral,
Gilberto Carvalho, disse nesta quinta-feira que também estão previstos
encontros com grupos de representantes de evangélicos, de cultura digital e
blogs, de movimentos sociais que defendem a reforma política, movimento de
mulheres e de luta contra a desigualdade social. "A presidenta irá
receber sistematicamente representantes da sociedade civil principalmente para
discutir a situação do país", disse.
Entre as principais propostas feitas pelo
Planalto estão cinco pactos destinados às áreas que mais foram alvo de
reivindicações dos manifestantes, além de um plebiscito sobre pontos a serem
discutidos em uma reforma política. O intuito é consultar a população em
relação principalmente a financiamentos de campanhas e sistema de votos. Postado por Marcos Imperial.
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