Estrela potiguar disputou hoje a semifinal no programa The Voice Brasil.
Foto:Divulgação.
Quem vê Khrystal brilhando no programa
global The Voice Brasil e enchendo de orgulho os potiguares, pode não imaginar
a trajetória de luta e superação enfrentada pela cantora. Khrystal Gleyde
Saraiva Santos ou simplesmente Khrystal parece ter sido predestinada a brilhar.
Mas antes disso, viveu uma verdadeira odisséia em busca do seu lugar ao Sol no
mundo musical.
O gosto pela música surgiu desde cedo,
ainda na infância, fruto da influência de seus pais e irmãos. O pai de
Khrystal, Cícero Saraiva dos Santos, tocava violão e era integrante do Trio
Puracy, que à época, representava para o Rio Grande do Norte o que o Trio
Irakitan representava para o Brasil. O fim do grupo causou em Cícero um
sentimento de revolta e tristeza, o que lhe fez proibir, a qualquer um dos seus
filhos, seguir a carreira artística. A já decidida garota de 14 anos resistiu à
imposição e seguiu o seu próprio rumo. Casou, teve uma filha e foi em busca do
seu sonho. Neste ínterim, decidiu voltar para casa. Apesar de estar mais
madura, o sentimento era de que ainda estava muito longe de alcançar seus
objetivos.
Para não se afastar do meio musical, a
jovem cantora passou a ser dançarina de uma banda de samba e pagode e ainda
enveredou como locutora de uma rádio comunitária da zona Norte. E como boa
parte dos cantores potiguares que não conseguem apoio para direcionar suas
carreiras, ela foi em busca do reduto dos “marginalizados” no segmento. E foi
no Beco da Lama que Khrystal conheceu Carlança, músico da noite, que começou a
depurar o talento da jovem. Depois, também conheceu Pedrinho Abech,
proprietário de um bar na rua Gonçalves Ledo, no centro da cidade – que nos
dias de hoje pode até ser comparado ao “The Voice do Beco da Lama”. Era lá que
ela pedia para cantar e tocar violão, mesmo sem possuir o instrumento. Por um
período de quatro horas, Khrystal aguentava o vai e vem de bêbados e ganhava um
cachê de R$ 7, além de comida. Como morava na zona Norte, para não voltar de
madrugada, também negociou dormir no palco do bar.
Já com uma bagagem maior, Khrystal
começou a ser respeitada pelos músicos, o que gerou convites para tocar em
outros locais, como o Shock Bar, em Pirangi, de propriedade de Múcio Varela. A
oportunidade lhe abriu as portas para um público mais alternativo e mais
elitizado, diferente do anterior. O jovem talento começou a tocar com músicos
respeitados do cenário local, como Junior Primata, Rildo, Marcelo Tinoco, entre
outros nomes, e desta forma ganhou “ares de cantora”.
Foi neste período que surgiu na vida de
Khrystal, Raquel Groismann, que através do seu conhecimento no meio passou a
levar a cantora para conviver com músicos. E foi a ligação de Raquel com o
renomado produtor cultural José Dias, o princípio de uma parceria de sucesso,
que dura até hoje.
José Dias, que mais tarde se tornaria
não só o produtor como o marido de Khrystal, conta que ainda não tinha ouvido
falar da cantora. “Estava triste com o término do Projeto Seis e Meia [o qual
era produtor].
Raquel me ligou e disse que ia me apresentar um grande talento.
Lembro que Khrystal chegou de sandália japonesa, short, blusa esgarçada e
segurando o violão. Ela cantou uma música de Nando Reis, que não era nem o meu
perfil. Olhei para Sílvio Caldas, um grande amigo e que sempre teve muita
sensibilidade, e ele piscou o olho. Aí eu disse: ‘Quer trabalhar comigo?’. Ela
de pronto respondeu: ‘E você acha que eu vim aqui para quê?’ Foi então que vi a
força daquela mulher e a rebeldia do povo”, contou José Dias.
VISIBILIDADE
O produtor cultural mais badalado do
segmento, agora tinha a responsabilidade de cuidar da carreira de uma ilustre
desconhecida. O primeiro contrato desta nova parceria foi uma apresentação numa
pousada na praia de Touros para um grupo de 200 portugueses. O cachê de
Khrystal que girava em torno de R$ 7 foi para R$ 300. Na plateia, a presença de
uma dos maiores cantores pop de Portugal, Rui Veloso, que já tinha cantado até
para Paul McCartney. “Ao final do show, Rui me procurou e fez questão de dizer
que Khrystal era maravilhosa e eu estava com um diamante na mão. Voltei para
Natal em êxtase, mas me questionei: que tipo de produtor era eu que ainda não
tinha conhecido um talento como ela?”, desabafou José Dias.
Outro momento marcante para o produtor
foi o encontro na Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte
(Fiern) da cantora com o renomado músico Guinga, que semeou sua ida ao Programa
Sr. Brasil, apresentado por Rolando Boldrin, na TV Cultura de São Paulo.
Ele também conta um fato importante da
trajetória da cantora, quando ela não tinha como pagar a Ordem dos Músicos.
“Mesmo vivendo na marginalidade, ela tinha esta consciência. Pagamos o que era
devido, na ocasião um débito de R$ 160, e quando ela pegou sua carteira,
agradeceu e falou: ‘Obrigada Zé, agora sou uma mulher livre’”.
Ao lado da banda Perfume de Gardênia,
Khrystal teve uma participação no Carnatal. Apesar da excelente receptividade
do show pelo público da festa, segundo José Dias, ela teve uma atitude digna de
quem sabe o que quer. Ao terminar a bela apresentação, Khrystal, com o dedo em
riste, afirmou ao produtor ter certeza que não era aquilo que queria para sua
vida.
COISA DE PRETO
Khrystal passou a tocar em barzinhos,
shoppings, projetos musicais, mais ainda seguia a linha de músicas mais
comerciais, não tendo uma identidade definida. Dessa forma, foi feita uma
renovação no repertório e inserido o coco e pinceladas de embolada ao funk.
Foi assim que surgiu o CD de estreia,
Coisa de Preto. Mais cuidadosa com a produção, desde cuidados com a mesa do som
ao microfone do estúdio, a voz poderosa da potiguar viajou pelo país, mais
precisamente em 17 capitais e em Portugal, país onde fez quatro shows.
Numa época de pirataria, a cantora
emplacou a venda de mais de 10 mil CDs e abrilhantou programas nacionais como
Som Brasil e Destino Brasil – Música, no Canal Brasil. Tudo isso a credenciou
para o seu segundo trabalho, o CD autoral “Dois Tempos”, marcado pela
originalidade. “Inserimos no trabalho o violão de Djavan e terminando o disco,
Khrystal deu a cara para bater. Recebemos o convite de um amigo para ela se
inscrever no The Voice e acredito que a principal função do programa é torná-la
conhecida em todo o Brasil”.
PEIXEIRA NA MÃO
Após a apresentação no The Voice da
música Carne – de autoria do Seu Jorge – que arrancou aplausos da plateia e a
fez ser escolhida por Claudia Leite para continuar na competição, Khrystal
voltou a Natal para rever a família. De acordo com José Dias, quando ela chegou
ao aeroporto Santos Dumont foi parada por um senhor que varria o chão e ele
perguntou: “Isso é Khrystal?”. Ela acenou com a cabeça e o senhor continuou:
“Poxa neguinha, você botou para f… hoje”. José Dias completou: “Esse
reconhecimento não tem preço e demonstra a enorme abrangência do programa.
Muitos dizem que sou responsável pelo sucesso de Khrystal, mas apenas abri
caminhos e sou apenas um elemento neste processo, que conta com o apoio de
personagens importantíssimos como Pedro Abech e Múcio Varela”. Via JH por Fernanda Souza Repórter de Cidade.
Estrela potiguar disputou hoje a semifinal no programa The Voice Brasil.
Foto:Divulgação.
Quem vê Khrystal brilhando no programa
global The Voice Brasil e enchendo de orgulho os potiguares, pode não imaginar
a trajetória de luta e superação enfrentada pela cantora. Khrystal Gleyde
Saraiva Santos ou simplesmente Khrystal parece ter sido predestinada a brilhar.
Mas antes disso, viveu uma verdadeira odisséia em busca do seu lugar ao Sol no
mundo musical.
O gosto pela música surgiu desde cedo,
ainda na infância, fruto da influência de seus pais e irmãos. O pai de
Khrystal, Cícero Saraiva dos Santos, tocava violão e era integrante do Trio
Puracy, que à época, representava para o Rio Grande do Norte o que o Trio
Irakitan representava para o Brasil. O fim do grupo causou em Cícero um
sentimento de revolta e tristeza, o que lhe fez proibir, a qualquer um dos seus
filhos, seguir a carreira artística. A já decidida garota de 14 anos resistiu à
imposição e seguiu o seu próprio rumo. Casou, teve uma filha e foi em busca do
seu sonho. Neste ínterim, decidiu voltar para casa. Apesar de estar mais
madura, o sentimento era de que ainda estava muito longe de alcançar seus
objetivos.
Para não se afastar do meio musical, a
jovem cantora passou a ser dançarina de uma banda de samba e pagode e ainda
enveredou como locutora de uma rádio comunitária da zona Norte. E como boa
parte dos cantores potiguares que não conseguem apoio para direcionar suas
carreiras, ela foi em busca do reduto dos “marginalizados” no segmento. E foi
no Beco da Lama que Khrystal conheceu Carlança, músico da noite, que começou a
depurar o talento da jovem. Depois, também conheceu Pedrinho Abech,
proprietário de um bar na rua Gonçalves Ledo, no centro da cidade – que nos
dias de hoje pode até ser comparado ao “The Voice do Beco da Lama”. Era lá que
ela pedia para cantar e tocar violão, mesmo sem possuir o instrumento. Por um
período de quatro horas, Khrystal aguentava o vai e vem de bêbados e ganhava um
cachê de R$ 7, além de comida. Como morava na zona Norte, para não voltar de
madrugada, também negociou dormir no palco do bar.
Já com uma bagagem maior, Khrystal
começou a ser respeitada pelos músicos, o que gerou convites para tocar em
outros locais, como o Shock Bar, em Pirangi, de propriedade de Múcio Varela. A
oportunidade lhe abriu as portas para um público mais alternativo e mais
elitizado, diferente do anterior. O jovem talento começou a tocar com músicos
respeitados do cenário local, como Junior Primata, Rildo, Marcelo Tinoco, entre
outros nomes, e desta forma ganhou “ares de cantora”.
Foi neste período que surgiu na vida de
Khrystal, Raquel Groismann, que através do seu conhecimento no meio passou a
levar a cantora para conviver com músicos. E foi a ligação de Raquel com o
renomado produtor cultural José Dias, o princípio de uma parceria de sucesso,
que dura até hoje.
José Dias, que mais tarde se tornaria
não só o produtor como o marido de Khrystal, conta que ainda não tinha ouvido
falar da cantora. “Estava triste com o término do Projeto Seis e Meia [o qual
era produtor].
Raquel me ligou e disse que ia me apresentar um grande talento.
Lembro que Khrystal chegou de sandália japonesa, short, blusa esgarçada e
segurando o violão. Ela cantou uma música de Nando Reis, que não era nem o meu
perfil. Olhei para Sílvio Caldas, um grande amigo e que sempre teve muita
sensibilidade, e ele piscou o olho. Aí eu disse: ‘Quer trabalhar comigo?’. Ela
de pronto respondeu: ‘E você acha que eu vim aqui para quê?’ Foi então que vi a
força daquela mulher e a rebeldia do povo”, contou José Dias.
VISIBILIDADE
O produtor cultural mais badalado do
segmento, agora tinha a responsabilidade de cuidar da carreira de uma ilustre
desconhecida. O primeiro contrato desta nova parceria foi uma apresentação numa
pousada na praia de Touros para um grupo de 200 portugueses. O cachê de
Khrystal que girava em torno de R$ 7 foi para R$ 300. Na plateia, a presença de
uma dos maiores cantores pop de Portugal, Rui Veloso, que já tinha cantado até
para Paul McCartney. “Ao final do show, Rui me procurou e fez questão de dizer
que Khrystal era maravilhosa e eu estava com um diamante na mão. Voltei para
Natal em êxtase, mas me questionei: que tipo de produtor era eu que ainda não
tinha conhecido um talento como ela?”, desabafou José Dias.
Outro momento marcante para o produtor
foi o encontro na Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte
(Fiern) da cantora com o renomado músico Guinga, que semeou sua ida ao Programa
Sr. Brasil, apresentado por Rolando Boldrin, na TV Cultura de São Paulo.
Ele também conta um fato importante da
trajetória da cantora, quando ela não tinha como pagar a Ordem dos Músicos.
“Mesmo vivendo na marginalidade, ela tinha esta consciência. Pagamos o que era
devido, na ocasião um débito de R$ 160, e quando ela pegou sua carteira,
agradeceu e falou: ‘Obrigada Zé, agora sou uma mulher livre’”.
Ao lado da banda Perfume de Gardênia,
Khrystal teve uma participação no Carnatal. Apesar da excelente receptividade
do show pelo público da festa, segundo José Dias, ela teve uma atitude digna de
quem sabe o que quer. Ao terminar a bela apresentação, Khrystal, com o dedo em
riste, afirmou ao produtor ter certeza que não era aquilo que queria para sua
vida.
COISA DE PRETO
Khrystal passou a tocar em barzinhos,
shoppings, projetos musicais, mais ainda seguia a linha de músicas mais
comerciais, não tendo uma identidade definida. Dessa forma, foi feita uma
renovação no repertório e inserido o coco e pinceladas de embolada ao funk.
Foi assim que surgiu o CD de estreia,
Coisa de Preto. Mais cuidadosa com a produção, desde cuidados com a mesa do som
ao microfone do estúdio, a voz poderosa da potiguar viajou pelo país, mais
precisamente em 17 capitais e em Portugal, país onde fez quatro shows.
Numa época de pirataria, a cantora
emplacou a venda de mais de 10 mil CDs e abrilhantou programas nacionais como
Som Brasil e Destino Brasil – Música, no Canal Brasil. Tudo isso a credenciou
para o seu segundo trabalho, o CD autoral “Dois Tempos”, marcado pela
originalidade. “Inserimos no trabalho o violão de Djavan e terminando o disco,
Khrystal deu a cara para bater. Recebemos o convite de um amigo para ela se
inscrever no The Voice e acredito que a principal função do programa é torná-la
conhecida em todo o Brasil”.
PEIXEIRA NA MÃO
Após a apresentação no The Voice da
música Carne – de autoria do Seu Jorge – que arrancou aplausos da plateia e a
fez ser escolhida por Claudia Leite para continuar na competição, Khrystal
voltou a Natal para rever a família. De acordo com José Dias, quando ela chegou
ao aeroporto Santos Dumont foi parada por um senhor que varria o chão e ele
perguntou: “Isso é Khrystal?”. Ela acenou com a cabeça e o senhor continuou:
“Poxa neguinha, você botou para f… hoje”. José Dias completou: “Esse
reconhecimento não tem preço e demonstra a enorme abrangência do programa.
Muitos dizem que sou responsável pelo sucesso de Khrystal, mas apenas abri
caminhos e sou apenas um elemento neste processo, que conta com o apoio de
personagens importantíssimos como Pedro Abech e Múcio Varela”. Via JH por Fernanda Souza Repórter de Cidade.
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Marcos Imperial