Soldado lotado na Casa Militar, ele recebeu a missão de dirigir para o secretário de Cultura, com quem aprendeu mais sobre literatura e humildade.
Aquela
não foi a primeira vez que o motorista desejou pôr o texto nas mãos do chefe.
Na noite anterior, em Garanhuns – onde o escritor, dramaturgo e secretário de
Estado Ariano Suassuna, 87 anos, havia realizado a sua última aula-espetáculo
–, o soldado Juscelino Moura, 40 anos, lotado na Casa Militar de Pernambuco,
designado para servir ao mestre, chegou a fazer uma tentativa. Mas os músicos
que acompanhavam Ariano nas aulas-espetáculo estavam muito felizes com a sua
presença. Zoca Madureira e Jerimum de Olinda conversavam animadamente com autor
paraibano mais pernambucano de todos. Novamente, não sentiu a ocasião
favorável. Dormiu de posse da carta.
Foram
muitas idas e vindas com aquela página impressa na iminência de chegar ao seu
destinatário. A última versão traz no cabeçalho o dia 17 de março de 2014.
Seria entregue caso o secretário deixasse o cargo simultaneamente ao governador
Eduardo Campos, que se desincompatibilizou em abril para concorrer à
presidência da República. O futuro do soldado com o escritor teria, então, os
dias contados. Quis o destino que o novo administrador, João Lyra Neto,
estendesse a convivência mais um pouquinho. Quis o destino, outra vez, que o
encontro entre ambos terminasse abruptamente naquele 19 de julho. Dois dias
depois, numa segunda-feira à noite, Ariano era internado no Real Hospital
Português por causa de um acidente vascular cerebral. Morreu na unidade de
saúde no dia 23 de julho. Era uma quarta-feira. Chovia no Recife. Fonte:
Jornal do Comércio.
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Marcos Imperial