Nathalí Macedo, Entenda os Homens
'Cresci ouvindo – e, lamentavelmente, muitas vezes,
absorvendo – centenas de mentiras que as pessoas contam sobre o universo
feminino. Especialmente sobre a sexualidade feminina.
Ouvi dizer, por exemplo, que gostávamos menos de
sexo – antes mesmo de saber como se fazia sexo. Por isso achei estranho quando
comecei a gostar tanto quanto ou mais que os homens que conheço. Porque eu
ouvira que uma mulher não pensa em sexo com freqüência – não porque ela não
pode, mas porque ela não “quer”. Como se houvesse alguma determinação genética
a respeito.
Disseram-me
que nós éramos menos promíscuas. Que a gente queria mesmo era casar e ter
filhos e um cachorro, porque querer sexo casual era coisa de homem. Nós somos
românticas. Eu ouvi alguns homens dizerem que eu gosto de receber flores e
chocolate e sair pra jantar e que eu não tenho tendência à traição porque,
afinal, minhasnecessidades sexuais são menos expressivas.
Ouvi dizer que nós não somos visuais e que
preferimos perceber outros aspectos além da beleza. Que, enquanto alguns homens
babam por nossas bundas, nós nos encantamos pela inteligência ou pelo senso de
humor deles.
E, vejam só: queriam me convencer que eu não gosto
de apreciar nádegas masculinas. De que eu não reparava no volume por debaixo da
sunga deles, no charme das costas largas ou de um corpo bonito.
Ouvi que a
gente não gostava de futebol. Achava estranho como alguns homens falavam
com tanta propriedade sobre os nossos gostos: que não tínhamos talento pra
esportes ~masculinos~ e que preferíamos comédias românticas do que filmes
policiais, bebidas docinhas do que cerveja e whisky cowboy.
Fui percebendo que, aos poucos, muitas de nós
acabávamos nos moldando a partir daquilo que pensavam de nós. E que nós mesmas
começamos a acreditar que temos medo de barata, que somos desunidas e que
competimos compulsivamente. Que não entendemos de futebol, que não queremos só
sexo e que não gostamos de whisky cowboy porque não é bebida de mulher.
Acreditamos, enfim, que a gente não repara nas
bundas dos homens. E continuamos acreditando nisso enquanto nossos olhos
fugiam, furtivamente, em direção a elas. E enquanto queríamos convidá-los pra
sair e dar no primeiro encontro, continuávamos a nos vestir de pudor e fingir,
para nós mesmas e para as nossas avós, que queríamos mesmo era um bom
casamento.
Lamento informar que, depois de algumas
frustrações, a gente aprendeu a se conhecer. Agora nós entendemos de nós mesmas
e, vejam só: isso não depende mais da opinião dos outros. Percebemos que somos
capazes de cuidar umas das outras, que podemos gostar de bebidas fortes e que
muitas de nós querem só sexo. Sem casamento, sem filhos e sem ligação no dia
seguinte.
Percebemos – até que enfim! – que apreciamos as
vossas bundas assim como vocês apreciam as nossas, companheiros. E que – do
mesmo jeito que algumas de nós querem um casamento feliz e uma penca de filhos
– outras querem curtir uma putaria como se não houvesse amanhã.
Agora o mundo terá que aprender quem somos em vez
de querer nos ensinar isso. Diremos as nossas verdades em vez de nos contentar
com as mentiras que nos contam."
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Marcos Imperial