"E então pensei no final adequado de uma
história de amor: gratidão ou maldição eterna?
Amor ou ódio?
Aqui mesmo, diante desta tela, me ocorrem cenas
de nosso amor de ontem.
E então eu sei, Deus, como eu sei, que a resposta
àquela questão, para nós dois, é obrigado.
Gratidão eterna, em vez de maldição.
Serei feliz em sua felicidade. Escrevi uma vez e
escrevo agora outra.
Sei que você também será feliz em minha
felicidade.
De você lembrarei das pequenas e das grandes
coisas.
Das cartinhas deixadas sob meu travesseiro: a
letra ligeiramente inclinada para trás, a bola sobre a letra i. “As pessoas
nascem para fazer certas coisas”, estava escrito numa delas que reli agora em
nossa despedida. “Eu nasci pra te amar.” Éramos reis naqueles dias, não
éramos?.
Do cheiro forte, perfume de fêmea, tão bom de
aspirar pela manhã, antes que sabonetes e perfumes tornassem tudo artificial.
Uma de minhas batalhas perdidas foi tentar convencer você a não usar perfume.
Das roupas tão desafiadoramente fora do padrão.
Poderiam ficar esquisitas em outra mulher, mas em você eram a perfeita
embalagem para uma alma também fora do padrão.
Das enxaquecas, suportadas estoicamente, sem
o recurso a outras armas que não aquelas bolinhas brancas da
homeopatia.
Dos sorrisos cúmplices para a câmara que eu
empunhava. Gostaria, se você não se importar, de ficar com
as fotos feitas apenas para o fotógrafo.
Da coragem admirável escondida num corpo miúdo, e
não demonstrada em gritos ou mesmo em voz alta.
Da graça natural com que se move na dança.
De certas coisas esquecerei, afinal tão pequenas
diante do conjunto da nossa vida, e sei que você fará o mesmo em relação a mim.
Esquecer, ainda mais que lembrar, pode ser o
maior tributo a um grande amor que se encerra."
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Marcos Imperial