"Nem sei por onde começar.
Fazer um recall da Big Bang. Disputar o céu com os
pássaros usando apenas as minhas asas de cobra. Morrer pela boca num beijo bem
velhinho dormindo num dia de domingo e despertar no paraíso com a cabeça
repousada no colo da vovó com Deus uma mulher (que surpresa incrível!) a coar o
café. Enterrar pessoas só de brincadeirinha única e exclusivamente na areia.
Construir castelos na praia sem ter medo da maré.
Voar na maionese: cantar “Blackbird” em dueto com Paul McCartney.
Ser o quinto beatle. Caminhar pela zona do baixo meretrício com a autoestima em
alta. Apaixonar-me pela prostituta tímida meiga bonita e tirá-la daquele lugar.
Casar uma aposta com véu e grinalda. Roubar flores no jardim da minha vizinha
rabugenta onde hoje levantam duas torres monumentais com
oito apartamentos por andar três vagas na garagem e nenhuma rosa para
ser cobiçada. Ser reconhecido como um poeta.
Ficar famoso o suficiente para que todos prestem atenção quando eu
disser em rede nacional “Eu preciso de um pouco mais de respeito”. Então pedir
que me esqueçam. Me mandar do planeta num foguete para a lua. Flutuar com a
consciência tranquila na gravidade zero. Engravidar um grande amor
no banco de couro de um Maverick quatro cilindros ao som de “Born to
be wild”. Rir de tudo que não tiver a menor graça. Plantar bananeira no meio da
rua e semáforos no pomar.
Almoçar em casa todo santo dia. Ir a pé pro trabalho. Acordar no
meio de um enorme problema e constatar que tudo não passava de um pesadelo.
Ouvir na cama os segredos picantes que os seus grandes lábios têm pra me
contar. Morar em casa própria tipo rancho à beira de um lago e ter um monte de
filhos com uma pá mecânica. Lavar a minha égua no Poema Sujo. Cuspir com classe
e estilo do alto da Torre Eiffel. Gritar na Wall Street que dinheiro não
traz felicidade. Cavar um túnel até fugir da prisão chegar ao Japão ou fazer
calos nas mãos o que acontecer primeiro. Matar a curiosidade: fazer sexo com
uma japonesa.
Desvendar os segredos da maçonaria. Descobrir a cura para o câncer
da corrupção. Decorar a última parte do Hino Nacional. Beber leite misturado
com manga e não enlouquecer. Passar no vestibular da vida. Ter uma
árvore. Plantar um livro. Escrever um filho. Investir
num consórcio operar o períneo fazer uma lipo levantar os peitinhos e
de quebra entender as mulheres. Juntar meu primeiro milhão de amigos. Ganhar na
loteria dos pênaltis. Deitar e rolar com você para que os corpos não criem
limo.
Acabar com a violência a miséria e as fronteiras
entre os países para que o mundo seja finalmente um único quintal. Curar-me do
sarcasmo e do cinismo. Sonhar sonhos mais factíveis. Amadurecer o suficiente
mas sem cair de maduro. Crescer tornar-me um adulto resolvido e nunca mais
querer ser alguém nessa vida além de eu mesmo."
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Marcos Imperial