A procura pelo canabidiol (CBD) deu
uma arrancada nos últimos dois meses, depois que casos de sucesso no tratamento
de crianças brasileiras com doenças neurológicas degenerativas, veiculados pela
mídia, tornaram-se públicos e sensibilizaram a opinião pública.
A droga é utilizada no combate a doenças como Mal
de Parkinson e Mal de Alzheimer, ainda sem cura e com tratamento focado na
melhoria do bem estar geral do paciente. O uso da medicação por uma menina
brasileira de nome Anny, mostrada no horário nobre da televisão, registrou regressão
no quadro de dezenas de convulsões diárias.
Depois disso, subiram para quase 300 os pedidos
encaminhados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em todo o
País, desde abril, de acordo com relatório do dia 3 de dezembro da Coordenação
de Produtos Controlados do órgão regulador. Quase a metade das solicitações
entraram de outubro para cá.
O número de pedidos eram 167 até início de
outubro, mas desde então quase dobraram. Nos últimos 60 dias, mais 130
solicitações deram entrada no órgão que cuida de medicamentos e drogas
utilizadas nos tratamentos de saúde no país. O total de solicitações chegou a
297.
Em dois meses, o número de pedidos cresceu quase
80% em relação aos registrados nos seis meses anteriores. O remédio canabidiol
é produzido a partir da maconha (cannabis sativa) que, proibida no Brasil, não
pode servir à produção e uso de quaisquer derivados ou finalidades, mesmo que
de aplicação terapêutico-medicinal.
Dificuldades de importação – A substância é
retirada do canabinol, um dos princípios ativos da planta, que não tem efeito
psico-ativo sobre o organismo como o provocado pelo THC (tetrahidrocanabinol),
o outro princípio ativo da cannabis, conforme estudos científicos.
Até agora, não há registro de frustração ou de
efeitos colaterais da medicação por parte de nenhum dos compradores
formalizados. Para obter o remédio, pais de crianças com doenças neurológicas
tiveram inicialmente de recorrer à Justiça, utilizando-se de argumentos
baseados em laudo descritivo do caso e receita com prescrição médica.
O produto é importado de países onde a produção
está legalmente autorizada – mas sua entrada é dificultada pelo custo dos
impostos de importação e a burocracia fazendária brasileira. Agora, o pedido de
importação é feito com o preenchimento de uma guia eletrônica na própria página
da agência na web.
Esse mecanismo, de caráter excepcional, já que a
substância não tem comprovação de eficácia e registro no Brasil, foi criado
para garantir que o interessado tenha acesso ao canabidiol sem necessidade de
processo judicial, geralmente mais demorado que a solicitação administrativa.
Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias.
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