O governo quer proteger a previdência social contra ações
fraudulentas e evitar rombos como o R$ 35,2 bilhões ocorridos no último ano.
As novas regras para o seguro desemprego sancionadas no final de
2014 pelo governo federal pretendem aprimorar o acesso aos recursos do Fundo de
Amparo ao Trabalhador e dificultar fraudes no sistema, como as que foram
denunciadas pelo programa Fantástico, da Rede Globo, em reportagem exibida no
domingo (8).
A reportagem denunciou diversos esquemas de
fraudes no seguro-desemprego, desde cometidas por acordos ilegais entre
funcionário e patrões, com o uso de demissões “fantasmas”; irregularidades
cometidas de forma individual, por pessoas que recebiam o benefício e
despenhavam funções remuneradas, conhecidas como “bicos”, o que caracteriza
recebimento indevido do seguro-desemprego; até golpes maiores, aplicados por
quadrilhas especialidades, com uso de laranjas e funcionários públicos.
Para proteger a previdência social contra
ações fraudulentas, o Ministério do Trabalho estuda mudanças a curto e médio
prazo. Entre elas, está em estudo a obrigatoriedade da leitura biométrica para
acessar ao benefício do seguro-desemprego.
“Nós temos uma soma de ações junto com a
Inteligência do Ministério do Trabalho, preparando, qualificando e melhorando
as tecnologias no sentido de combater essas fraudes,” anunciou o ministro do
Trabalho e Emprego, Manoel Dias, à reportagem.
As Medidas Provisórias (MP) 664 e 665 tornam
mais rígido o acesso ao benefício do seguro-desemprego. Com o novo texto, para
ter acesso ao seguro-desemprego pela primeira vez, a pessoa terá que comprovar
ter trabalhado pelo menos um ano e meio com carteira assinada, ao contrário do
prazo de apenas seis meses, como é exigido atualmente. Com isso, quem passou
mais tempo no mesmo emprego será valorizado.
Segundo o ministro Manoel Dias, as mudanças
visam coibir abusos e reduzir distorções na concessão do seguro-desemprego. O
governo espera com isso, uma economia de R$ 18 bilhões por ano.
Entre as distorções observadas pelo ministério
estão um número elevado de pedidos de demissão feitos logo após o trabalhador
completar o prazo mínimo exigido para a retirada do benefício, comumente
contratados em seguida, por salários mais baixos, sem carteira assinada. A
prática assegura o recebimento do benefício, mesmo com o trabalhador empregado,
de forma ilegal.
Segundo o ministério, esse tipo de fraude
compreendeu 10,35% dos pagamentos feitos em 2014, totalizando R$ 35,2 bilhões
do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
O governo também mudou as regras para a pensão
por morte, com a exigência de mínimo dois anos de contribuição para a
Previdência para o pagamento de pensão ao dependente. No caso de cônjuge, será
exigido o tempo mínimo de casamento ou união estável de dois anos. O valor da
pensão também muda, passando para metade do salário, mais 10% por dependente.
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Marcos Imperial