Crítico ferrenho da gestão do presidente da
Câmara, o deputado Silvio Costa (PSC-PE) comentou, em entrevista ao 247, a
denúncia de que o peemedebista recebeu US$ 5 milhões em propina; "Sugiro
até a ele que mude o pronunciamento em cadeia nacional, para que aproveite e
explique essa delação", disse, sobre a fala de Eduardo Cunha em rádio e TV
nesta sexta; sobre Cunha ter dito que consulta juristas por um pedido de
impeachment contra Dilma, o parlamentar se irritou: "Eu não acredito que
Eduardo Cunha tenha tido a petulância de pedir uma avaliação jurídica para
isso. Ele sabe que não existem motivos jurídicos para um impeachment. Se ele
admitiu isso, é irresponsabilidade, está trabalhando contra o País".
Por Gisele Federicce, 247 –
Em uma nova saraivada de críticas ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), o deputado federal Silvio Costa (PSC-PE) afirmou, em entrevista ao
247, que o peemedebista deve explicações ao povo brasileiro a respeito da denúnciade
que recebeu US$ 5 milhões em propina, de acordo com Júlio Camargo, delator na
Operação Lava Jato.
"Sugiro até a ele que
mude o pronunciamento em cadeia nacional, para que aproveite e explique essa
delação", disse Silvio Costa, na noite desta quinta-feira 16. O deputado
discordou da declaração
de Cunha, feita a jornalistas durante balanço do semestre legislativo, de
que o Congresso voltaria "mais duro" contra o governo Dilma após o
recesso. "Quem vai voltar mais raivoso é ele. Eu não vejo esse clima aqui
no Congresso", disse.
Silvio Costa se mostrou irritado com a informação de que Cunha
consulta juristas sobre um pedido de impeachment contra a presidente, feito à
Câmara pelo Movimento Brasil Livre. "Eu não acredito que Eduardo Cunha
tenha tido a petulância de pedir uma avaliação jurídica para isso. Ele sabe que
não existem motivos jurídicos para um impeachment", afirmou. Para o
deputado, o gesto demonstra "irresponsabilidade" de Cunha. "Ele
está trabalhando contra o País", protestou.
Confira abaixo a entrevista:
O senhor é um duro crítico da gestão do presidente da Câmara,
Eduardo Cunha. Como vê essa denúncia contra ele, de que recebeu US$ 5 milhões
em propina?
De qualquer forma você tem que entender que no artigo 5º da
Constituição, inciso 52, existe um princípio da presunção de inocência. Por
outro lado, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal são instituições
profundamente respeitadas no Brasil. Então essas instituições evidentemente
estão investigando e, é claro, o deputado Eduardo Cunha vai ter que dar as
explicações que o povo brasileiro vai querer ouvir. Sugiro até a ele que mude o
pronunciamento amanhã à noite, em cadeia nacional, que aproveite e explique
essa delação, é uma oportunidade para ele se explicar.
A denúncia tira as condições de ele se manter no cargo?
Ele já não tinha condição de estar no cargo desde o início, por
isso não votei nele, votei no [Arlindo] Chinaglia (PT-SP).
Durante o balanço do semestre legislativo nesta quinta, o Cunha
disse acreditar que o Congresso deverá voltar "mais duro" após o recesso,
no sentido de estar mais crítico ao governo. O senhor concorda?
Olha, Eduardo Cunha não pode falar em nome do Congresso. Acho
que cada dia ele está falando menos, inclusive em nome do partido dele, que
está dividido em relação a ele. Quem fala em nome do Congresso é Renan
Calheiros (PMDB-AL). Ele representa a Câmara, mas não pode transformar um
desejo pessoal numa performance do Congresso, da Câmara. Eu não vejo isso não,
pelo contrário, ele tem que se preocupar, como presidente da Casa, em dar explicação
aos seus pares e ao povo.
Mas então o senhor discorda que o Congresso deve voltar mais
raivoso?
Quem vai voltar mais raivoso é ele, eu não estou vendo esse
ambiente aqui no Congresso. Pelo contrário, a economia dá sinais de que o
segundo semestre vai ser melhor. Todo mundo sabe que a presidente Dilma é uma
pessoa digna, correta. Está viajando para a Rússia, para os Estados Unidos,
buscando investidores. A oposição termina o semestre de forma muito pequena,
menor. De um lado o [governador de São Paulo, Geraldo] Alckmin se movimenta
para ser candidato, de outro, Aécio [Neves] com raiva. O PSDB está realmente
sem discurso, só faz brigar o tempo todo. E as críticas que eles fazem ao
governo Dilma são inconsistentes.
O presidente da Câmara também disse a jornalistas que consultou
juristas sobre um pedido de impeachment feito pelo Movimento Brasil Livre à
Câmara...
Ele disse isso? Eu não acredito que Eduardo Cunha tenha tido a
petulância de pedir uma avaliação jurídica pra isso. Ele sabe que não existem
motivos jurídicos para um impeachment. Sabe que na Constituição da República, o
impeachment só pode valer se o presidente cometeu um equívoco no mandato atual.
Mesmo que no TCU – aliás, nunca vi fazer um barulho desses em um julgamento de
contas – reprove as contas do governo, a última palavra é do Congresso. E mesmo
que o Congresso reprove – e é claro que não vai reprovar – isso não seria
motivo para impeachment. Segundo o TSE, as contas da presidente Dilma já foram
julgadas e aprovadas, se não ela não teria sido diplomada. Então isso é
irresponsabilidade dele, se ele admitiu isso, isso é irresponsabilidade,
trabalhar contra o País. Porque um presidente de uma Câmara a dizer uma frase
dessa, ele prejudica o País na comunidade internacional.
Ele também declarou que o PMDB "não aguenta mais" a
aliança com o PT.
Cunha vem com mágoa do PT desde que o PT lançou candidato à
Presidência da Câmara. Desde aquele momento, ele vem acirrando com o PT. Eu não
sou do PT, mas acho que ele está sendo muito injusto com o PT. Quando terminou
a eleição, o PT desarmou o palanque, ele é que está com o palanque armado até
hoje. Ele queria ser candidato único.
E em relação ao governo Dilma, ele se utiliza da oposição e a
oposição se utiliza dele. Essa sinergia que está havendo... por exemplo, ele
foi para a Rússia e levou vários deputados da oposição. Evidentemente que eles
não foram conversar apenas sobre a Câmara Federal. É claro que essa viagem tem
um simbolismo político. Ele diz à oposição o seguinte: 'me dê segurança, fiquem
comigo que eu vou peitar a Dilma. Ele utiliza a oposição para peitar o governo.
Por outro lado, se utiliza do governo prometendo aos aliados dele que vai
liberar emendas, que vai ajudar na nomeação de cargos, para manter a tropa
dele. E aí é que eu acho que o governo tem que mudar a relação com Eduardo
Cunha. O governo não pode ficar acuado, tem que ir para o enfrentamento. Até
porque o PMDB está no governo, é sócio do governo. Na hora que Cunha está
criando dificuldade na Câmara, também está criando para [o vice-presidente e
articulador político] Michel Temer (PMDB). O [deputado] Jarbas [Vasconcelos,
PMDB-PE], por exemplo, fez duras crítica a ele. E nem aliado de Dilma Jarbas é.
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Marcos Imperial