Por Hélio Doyle é jornalista, foi professor da Universidade de Brasília e secretário da Casa Civil do governo do Distrito Federal.
Partidos de centro-direita, e
no governo, foram os mais votados nas eleições parlamentares em Portugal e na
Espanha. Não conseguiram maioria de cadeiras, nem tiveram mais votos do que os
somados pelos partidos de oposição, e por isso é uma coalizão de esquerda que
governa em Portugal, e não se sabe ainda como se formará, na Espanha, uma
maioria que possibilite a governabilidade. Pode ser pela direita, pode ser pela
esquerda.
Na Argentina, a coalizão de centro-direita ganhou as eleições
presidenciais. Por menos de 3% dos votos, mas ganhou, e os peronistas de
Cristina Kirchner tiveram, depois de 12 anos no poder, de ceder a Casa Rosada a
Maurício Macri. Mas no Congresso Macri precisa negociar para ter maioria.
Há pouco tempo, no Canadá, o Partido Liberal fez maioria absoluta
na Câmara e acabou com nove anos de governo conservador. Houve também eleições
parlamentares na Venezuela. O governo perdeu a ampla maioria que tinha no
parlamento para a oposição, que a partir de janeiro terá condições de
interferir na administração do país.
Nesses cinco países, os governistas foram derrotados. Houve troca
de comando em Portugal, na Argentina e no Canadá e não se sabe ainda como
ficará o governo na Espanha, onde as alianças são mais difíceis por conta do
fim do tradicional bipartidarismo. O governo venezuelano não mudou, mas ver uma
maioria oposicionista no parlamento foi uma pesada derrota para quem é situação
desde 2002.
Todos esses países passam, há anos, por graves crises econômicas e
financeiras, que, como é natural, provocam alto nível de insatisfação na
população. Isso explica grande parte dos resultados eleitorais. Seus governos
se desgastaram e sofreram as consequências nas urnas.
Eleições periódicas, em países com parlamentarismo ou
presidencialismo, são a melhor alternativa para que a população se manifeste e
mantenha ou substitua seus governos. Ou mesmo crie uma situação de equilíbrio
entre Executivo e Legislativo. Pode acontecer como em Portugal e Espanha, com
uma vitória que não garante automaticamente o exercício do governo. Pode ser
por pequena diferença, como na Argentina. Pode ser uma vitória estrondosa, como
no Canadá, ou politicamente relevante, como na Venezuela.
A oposição no Brasil deveria refletir sobre isso. A frustração dos
tucanos e de seus aliados com a derrota em 2014, por pequena margem, levou a
oposição a apostar na derrubada do governo legitimamente eleito. Os
oposicionistas avaliaram que as condições objetivas e subjetivas estavam dadas,
sendo o afastamento de Dilma do poder apenas questão de tempo. Denúncias de
corrupção, crise econômica, falta de base parlamentar, enfim, todos os
ingredientes negativos se somariam à insatisfação da população, em nível maior
do que o eleitorado que votou em Aécio Neves – a maior parcela do qual não por
apoiá-lo, mas para se opor a Dilma e ao PT.
As opções estratégicas foram colocadas pela oposição: impeachment,
condenação pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Tribunal Superior Eleitoral ou
a renúncia da presidente. Tucanos e aliados, incluindo os do PMDB, tinham
alternativas diferenciadas para ocupar o poder: a assunção de Michel Temer ou
novas eleições. Acossada pela estratégia adversária de não a deixar governar e
sabotar todas as tentativas de combater a crise econômica, Dilma se imobilizou,
não sabendo reagir à altura e cometendo erros que pioraram sua situação.
Agora está na hora de a oposição cair na realidade. Está muito
difícil conseguir o impeachment, não é provável uma condenação judicial e Dilma
não dá mostra nenhuma de que possa renunciar. A população, ainda que reprovando
e rejeitando o governo, está saturada da política e da politicagem e não vê, em
tucanos e no PMDB, alternativas positivas para substituir Dilma.
O
vice-presidente Michel Temer e seus colegas do PMDB, os tucanos de Aécio,
Alckmin e Serra e seus aliados menores do DEM, do PPS e do Solidariedade têm um
caminho melhor do que insistir na derrubada do governo por um golpe paraguaio:
é se preparar para as eleições de 2016 e, principalmente, de 2018. Aí sim, com
legitimidade, poderão derrotar o governo e ocupar o Palácio do Planalto. No
voto.
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Marcos Imperial