Suíça acha conta de
Henrique Alves e envia dados ao Brasil. Fontes informaram que depósitos variavam
entre US$ 700 mil e US$ 1 milhão.
Por Estadão Conteúdo, 18/06/2016 - 09h33min.
A Suíça transferiu ao Brasil todos os documentos e extratos bancários
envolvendo o ex-ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (RN). Ele pediu
demissão na quinta-feira do cargo depois de ter sido informado que os dados
sobre sua conta bancária no país europeu já eram de conhecimento dos
investigadores da força-tarefa da Operação Lava-Jato.
Na Europa, fontes próximas ao caso
confirmaram que Henrique Alves manteve uma conta com depósitos que variavam
entre US$ 700 mil e US$ 1 milhão. O dinheiro está bloqueado, mas o banco não
teve seu nome revelado pelas autoridades do país.
A investigação começou em Berna, na Suíça, sob a suspeita de que a conta
tenha sido alimentada por recursos de propinas. A conta de Alves, porém, é uma
das mais de mil contas hoje bloqueadas pelos suíços em seus bancos locais
relacionadas com a Lava-Jato.
Mas, para os suíços, o caminho adotado foi o mesmo seguido no caso do
deputado federal afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Para a procuradoria suíça,
não faria sentido processar o brasileiro, levá-lo a um julgamento em Berna e,
em seguida, jamais conseguir sua punição. O motivo é que o Brasil não extradita
seus nacionais.
A ideia negociada com os procuradores da República brasileiros foi a de
transferir o caso para o Brasil a fim de que Alves, agora, seja investigado e
julgado em seu próprio País. Para os suíços, a transferência do caso também
permitirá que a Justiça no Brasil possa agir de forma rápida, garantindo assim
que as provas e mesmo os recursos não sejam perdidos.
Henrique Alves já havia sido citado
anteriormente na delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio
Machado, homologada pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal
(STF). Nela, o delator da Lava-Jato contou que entregou R$ 1,55 milhão para
Alves. Segundo ele, o dinheiro tinha origem em propinas pagas por empresários
que mantinham contratos com a Transpetro. Os pagamentos teriam sido feitos pela
empresa Queiroz Galvão nos anos de 2008 (R$ 300 mil), 2012 (R$ 250 mil) e 2014
(R$ 500 mil) e pela empresa Galvão Engenharia, em 2010 (R$ 500 mil).
Ainda em sua delação, Machado afirmou que
Henrique Alves "era uma pessoa com quem sempre manteve relação
cordial". Ele afirmou que Alves, então deputado do PMDB, levou a ele
algumas empresas da área de tecnologia ou serviços até a Transpetro para que
Machado as contratasse, mas nenhuma negociação avançou.
— Eu sempre o ajudava em época de campanha
quando ele me ligava pedindo um encontro. Eu sempre o ajudei por meio de
doações oficiais, cujo origem eram vantagens indevidas pagas pelas empresas
contratadas pela Transpetro.
Machado contou que telefonou várias vezes
para Alves. Ele afirmou ainda que manteve encontros com o ex-ministro na sede
da Transpetro. Ainda segundo o delator, quando era preciso fazer a doação
oficial, o dinheiro normalmente era repassado aos partidos, que depois,
enviavam o dinheiro aos políticos. Ainda segundo Machado, "foram
repassados ao PMDB pouco mais de R$ 100 milhões cujo origem eram vantagens
ilícitas".
Nota
Em nota divulgada anteontem (16) a assessoria do ex-ministro informou
que ele desmente as acusações de Machado. Sobre as investigações feitas pela
Suiça, Alves informou: "Refuto qualquer ilação a respeito de conta no
exterior em meu nome." A nota do ex-ministro do Turismo prossegue afirmando:
"Não fui citado a prestar esclarecimentos". Alves disse ainda que
está "como sempre estive, à disposição da Justiça, até porque sou o
principal interessado em ver todas essas questões esclarecidas". Por fim,
o político afirmou que acredita "nas instituições do nosso Estado
Democrático de Direito".
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá queridos leitores, bem vindo a pagina do Blog Imperial. Seu comentário é de extrema importância para nosso crescimento.
Marcos Imperial