"Já se sabe que a delação da Odebrecht implica
o presidente Michel Temer, que pediu R$ 10 milhões num jantar no Palácio do
Jaburu, o ministro Eliseu Padilha, que teria recebido R$ 4 milhões em dinheiro,
e o chanceler José Serra, beneficiário de um depósito de R$ 23 milhões na
Suíça", diz o jornalista Leonardo Attuch, editor do 247; "Outro
acordo praticamente fechado é o da Delta, de Fernando Cavendish, que dominou as
obras públicas no Rio de Janeiro, durante o governo de Sergio Cabral, mas também
participou ativamente de grandes projetos paulistas, como o Rodoanel";
enquanto as delações avançam, o mundo político contra-ataca com a anistia ao
caixa dois e a nova rodada da repatriação.
Nos próximos dias, mais de 80
colaboradores da Odebrecht entregarão às autoridades depoimentos escritos e
documentos que compõem os mais de 300 anexos da maior delação premiada de todos
os tempos.
Já se sabe, por exemplo, que a delação
implica o presidente Michel Temer, que pediu R$ 10 milhões num jantar no
Palácio do Jaburu, o ministro Eliseu Padilha, que teria recebido R$ 4 milhões
em dinheiro, e o chanceler José Serra, beneficiário de um depósito de R$ 23
milhões na Suíça.
Além deles, serão citados centenas de
parlamentares e mais de uma dezena de governadores, especialmente os que
conduziram grandes obras nos últimos anos, como as arenas da Copa do Mundo de
2014.
Outro acordo praticamente fechado é o
da Delta, de Fernando Cavendish, que dominou as obras públicas no Rio de
Janeiro, durante o governo de Sergio Cabral, mas também participou ativamente
de grandes projetos paulistas, como o Rodoanel.
Cavendish já disse ter bancado farras
em Paris e dado um anel de R$ 800 mil à esposa de Cabral, personagem que poderá
se transformar no símbolo da quebra do Rio de Janeiro, estado que hoje taxa os
salários dos servidores em 30%, aumenta impostos e extingue programas sociais,
como os restaurantes populares.
Se isso não bastasse, outras duas
empreiteiras, a Andrade Gutierrez e a Camargo Corrêa, foram convocadas a
complementar suas delações, porque haviam omitido informações nos depoimentos
anteriores. E a OAS, outra gigante do setor, também negocia seu acordo.
Consta que o procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, teria dito que o “fim do mundo” no Brasil ocorrerá em
março, quando todos esses acordos estarão maduros.
No entanto, nunca se deve subestimar a
capacidade de reação do sistema político. Dois movimentos paralelos, a lei de
repatriação de recursos no exterior e a anistia ao caixa dois, poderão
beneficiar centenas de delatados.
Até agora, não se sabe se a conta
clandestina do PSDB na Suíça já foi devidamente investigada. O que se sabe é
que o empresário e banqueiro Ronaldo Cezar Coelho – apontado pela Odebrecht
como um dos operadores dos R$ 23 milhões repassados pela construtora, via caixa
dois, à campanha presidencial de Serra – aderiu ao programa de repatriação de
recursos do governo.
De acordo com a lei de repatriação, os
brasileiros que admitiram manter recursos não declarados no exterior e pagaram
impostos e multas estão anistiados de crimes como sonegação, falsificação de
documentos, falsidade ideológica e evasão de divisas.
Paralelamente, o Congresso tenta votar,
a toque de caixa, a anistia ao caixa dois. Em resumo, essa anistia e a
repatriação de recursos, que pode até beneficiar parentes de políticos, parecem
estar sendo desenhadas para salvar figurões delatados pelas empreiteiras.
(originalmente publicado na Revista
Nordeste)
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Marcos Imperial