Via http://www.revistabula.com/ por POR KAREN CURI
Dei o fora de repente. Sem aviso prévio, sem fazer
as malas. Saí como quem vai comprar cigarro e não volta mais. Tantas vezes a
gente avisa que vai embora, ameaça, faz chantagem, mas por medo da solidão não
consegue ir. Falta coragem. Prorrogamos a dor da despedida e a agonia que nos
assalta só de pensar na abstinência do outro. Aceitamos menos amor, menos
atenção, menos carinho, menos tesão, menos cuidado. A gente aceita ser menos,
ou quase nada. Até que uma hora a gente cansa. E bate a porta sem dar uma palavra.
É
chegado o momento de seguir rumo ao novo e deixar para trás o percurso de quem
já caminhou por dois, insistiu por dois, lutou por dois e constatou que uma
andorinha só não faz verão. “Quando um não quer, dois não brigam.” Cá entre
nós, eu nunca concordei com esse ditado. Ora bolas! Quando um não quer, o outro
reclama, faz cara feia, greve, escândalo, depois joga na cara as pendengas de
1970! Então, quando um não quer, os dois brigam, sim! Mas enquanto existe amor
as pelejas se acomodam entre um mimo e um aconchego, entre um abraço silencioso
no meio da madrugada e um “te amo” baixinho ao pé do ouvido, entre olhares
risonhos, mãos que se entrelaçam por vontade própria e pés roçando debaixo da
coberta.
Quando
você tem um aliado num relacionamento, você tem tudo. Quando você tem
importância, você tem tudo e mais um pouco. Eu não sei por que as coisas
desandam… De repente acordamos num dia nublado e percebemos que o quarto está
vazio. Já não se escuta o som de uma gargalhada. Nenhum elogio é proferido. Não
tem mais música, nem dança, nem flores, muito menos o chocolate de que você
tanto gosta. Os porta-retratos estão cobertos de pó. A louça, suja. E você? No
fundo, você só queria voltar a ter importância.
Parece óbvio, mas
todo dia tem um começo, um meio e um fim. Nas relações afetivas é a mesma
coisa. Se deixarmos o final se estender demais, a alvorada não se revela, mesmo
tendo começado um novo dia. O tempo fica escuro por muito tempo e o convívio
passa a ser tão difícil quanto um rigoroso inverno nórdico. Às vezes chega o
outono. Com sorte e empenho das duas partes, vem a primavera. Mas tem invernos
que nunca se vão. E quando eles ficam é que a gente se cansa de tanta frieza.
Partimos, pois, em busca do nosso verão que é de direito e por merecimento.
Quando o amor
passa do tempo de validade, não adianta viver no mofo de um amor vencido. O ser
humano precisa de reciprocidade. Amar é muito bom, mas ser amado são outros
quinhentos! Nada como ser prioridade de alguém. Não existe sensação melhor no
mundo do que perceber que somos o mundo de outra pessoa!
Com licença. Fui ali gostar de quem gosta de
mim e não volto mais!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá queridos leitores, bem vindo a pagina do Blog Imperial. Seu comentário é de extrema importância para nosso crescimento.
Marcos Imperial