VALORIZAR PARA MANTER A TRADIÇÃO: Mineiro propõe debate sobre políticas públicas de apoio à cultura junina no RN

A importância dos arraiás e das quadrilhas juninas para a cultura popular do Rio Grande do Norte foi debatida em audiência pública proposta pelo deputado estadual Fernando Mineiro (PT), nesta quinta-feira (11), no auditório da Assembleia Legislativa. O objetivo, segundo o parlamentar, era discutir não somente a questão do financiamento, mas também “a construção de uma política pública para o setor”.

“Precisamos apontar um caminho, que é longo, para desenvolver esse trabalho. Os arraiás e as quadrilhas juninas são uma das maiores expressões da cultura nordestina e potiguar, mas não há políticas públicas para apoiar essa atividade”, observou. Mineiro destacou o engajamento da juventude, principalmente nos bairros periféricos, com a cultura junina.

As reclamações dos dirigentes das entidades ligadas à cultura junina em Natal e no interior do RN convergiram para a falta de apoio governamental, as dificuldades de financiamento e a burocracia para acessar os editais públicos. O presidente da Associação Cultural dos Arraiás da Zona Norte, Claudionor Firmino, alertou para a necessidade de “defender a cultura junina antes que ela acabe”.

“Precisamos de união entre os arraiás e as associações de quadrilhas para defender a cultura junina no RN. Tínhamos cerca de 200 quadrilhas em Natal, mas hoje só temos 40. As quadrilhas estão abandonadas”, declarou.

Akalilson de Araújo Bezerril, presidente da Liga das Quadrilhas do RN, fez coro às lamentações de Claudionor. Ele afirmou que a burocracia imposta pela Prefeitura de Natal, através da Funcarte, “atrapalha a captação de recursos pelos quadrilheiros da cidade”.

Além disso, ainda segundo Akalilson, o investimento na cultura junina pela Prefeitura de Natal, via editais, “é irrisório”. Em 2016, ele disse que o município destinou apenas R$ 2 mil em apoio para cada quadrilha – valor que só foi repassado no final do ano.

O Governo do Estado, por sua vez, não investiu nenhum centavo no apoio à cultura junina, conforme relatou o presidente da Liga das Quadrilhas do RN. “O governo destinou, no ano passado, R$ 12 milhões para a cultura, mas nenhum centavo desse dinheiro foi para a cultura nordestina”.

O secretário de Cultura de São Gonçalo do Amarante, Flávio Henrique, disse que, pela falta de apoio, “as quadrilhas estão o tempo todo com o pires nãos mãos à procura de ajuda”.

A representante da Funcarte, Odineia Targino, defendeu a burocracia dos editais, afirmando que “são exigências legais para se fazer o fomento à cultura”.

Ela culpou os ministérios da Cultura e do Turismo pela falta de recursos para investir na cultura junina de Natal. “Nós pedimos R$ 1 milhão aos ministérios da Cultura e do Turismo, mas só conseguimos R$ 100 mil”, contou, acrescentando que o município “teoricamente” ainda irá destinar mais R$ 400 mil para os festejos juninos de 2017. O edital, porém, ainda não foi publicado no Diário Oficial.

Já o representante da Fundação José Augusto (FJA), Jeferson Tavares, limitou-se a dizer que iria repassar as demandas à presidente da entidade, Isaura Rosado.

Encaminhamentos

Mineiro afirmou, no fim do debate, que seu mandato poderia colaborar com a elaboração de um cadastro das quadrilhas e arraiás de Natal, como forma de resgatar as experiências e valorizar essa expressão artística.

Ele se comprometeu em chamar as entidades para discutir a proposição de emendas ao Orçamento Geral do Estado de 2018. Além disso, sugeriu que as entidades acompanhem a discussão sobre a revisão da Lei do Fundo Estadual de Cultura, para tentar assegurar recursos para a cultura junina.

A audiência pública contou, ainda, com a presença do vereador natalense Fernando Lucena, o representante do mandato da senadora Fátima Bezerra (PT), Olavo Ataíde, o presidente eleito do PT-RN Junior Souto e de representantes de dezenas de arraiás e quadrilhas de todas as regiões de Natal.

Fotos: Vlademir Alexandre. Via http://www.mineiropt.com.br/mineiro-propoe-debate-sobre-politicas-publicas-de-apoio-a-cultura-junina-no-rn/