Os manifestantes que ocupam o pátio da Câmara Municipal de Natal decidiram acatar recomendação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e dos vereadores da oposição. Os acampados deixarão a sede do legislativo hoje. A decisão foi anunciada ontem à noite, após uma rodada de negociações com representantes da OAB, membros do acampamento e lideranças políticas. A saída, porém, está condicionada à realização de uma audiência pública marcada para às 10h de hoje no plenário da Câmara. Além disso, os manifestantes cobram que a leitura do requerimento da instalação da Comissão Especial de Inquérito (CEI) dos Contratos Administrativos Municipais seja realizada durante a sessão ordinária da Casa Legislativa marcada para às 14h.
O requerimento para a instalação da CEI dos Contratos foi redigido pela vereadora Sargento Regina e, até a noite de ontem, contava com a assinatura de seis legisladores opositores ao governo Micarla de Sousa. A instalação da CEI só poderá ser realizada quando o requerimento - com sete assinaturas - for entregue ao presidente da Câmara, Edivan Martins. Sargento Regina acredita que a última assinatura será colhida na manhã de hoje.
O presidente da OAB, Paulo Eduardo Pinheiro Teixeira, se comprometeu a entregar o documento pessoalmente ao presidente da Câmara Municipal. "Eu me comprometo a entregar o requerimento logo que eu receba com todas as assinaturas necessárias à abertura da CEI", disse Paulo Eduardo ontem à noite durante reunião com os vereadores e representantes dos acampados.Na reunião que durou cerca de duas horas, nenhum dos vereadores que apoiam a prefeita Micarla de Sousa compareceram ao plenário da OAB. Estiveram presentes os legisladores oposicionistas Raniere Barbosa (PRB), Júlia Arruda (PSB) e Sargento Regina (PDT).
O presidente Edivan Martins (PV) e Júlio Protásio (PSB), justificaram a ausência alegando compromissos pessoais.A propositora da CEI dos Contratos, vereadora Sargento Regina, questionava os motivos pelos quais o desembargador Dilermando Mota havia acatado o recurso impetrado pelo presidente da Câmara, Edivan Martins, e assinado pelo procurador-geral do Município, Bruno Macedo. "Ainda não consegui entender por quê Bruno Macedo assinou o documento. Onde estava a procuradoria da Câmara", indagou Regina.Na opinião do vereador Raniere Barbosa, a negociação para uma nova CEI foi um grande avanço político conquistado pelos jovens que estão acampados na Câmara Municipal.
"Compor uma CEI para apurar os contratos municipais com cinco membros era um sonho nosso. Vocês conseguiram um avanço muito grande e é hora de agir com maturidade", disse. Raniere foi um dos que orientou o grupo a desocupar a Câmara hoje após a realização da audiência e da leitura do requerimento da CEI dos Contratos.Movimento: da internet para as ruas de NatalCom perfil inicialmente universitário, o movimento #ForaMicarla saiu da blogosfera virtual e ganhou as ruas de Natal.
Há sete dias, os manifestantes ocuparam a Câmara Municipal e fazem história no cenário político contemporâneo estadual. A manifestação saiu do universo ainda restrito da internet e ganhou adesão de trabalhadores sem acesso à rede, donas de casa e estudantes de escolas públicas e privadas.As pessoas que acamparam na sede do legislativo desde a terça-feira passada, não reivindicam somente que a prefeita Micarla de Sousa cumpra seu dever como administradora da cidade.
Eles, assim como a população que apoia participando das manifestações, querem transparência dos atos administrativos municipais. Revoltados com o que chamam de "descaso comprovado em diversas áreas da gestão municipal", reivindicam mudanças baseados em leis e amparados por provas de que o sistema não está funcionando como reza a premissa.Ao longo da última semana, o livro mais lido no pátio da Câmara Municipal foi a Constituição Federal de 1988. Ontem, no dia mais tenso desde a ocupação da Casa Legislativa, os manifestantes utilizaram o conjunto de leis como "escudo".
Afinal de contas, o ideal de quem está ocupando o pátio da Câmara não é violar leis. Eles querem o cumprimento de direitos e afirmaram que lutariam pacificamente até o fim. Os estudantes de Direito, Comunicação Social, Ciências Sociais e de inúmeros outros cursos, principalmente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), utilizam como "arma" o discurso baseado nas leis que lhes dão o direito de ocupar prédios públicos e cobrar ações de melhoria do administrador eleito através do voto.
A decisão coletiva foi a linha de governo adotada no acampamento.Nos últimos sete dias, os natalenses que acompanham pelo noticiário o acampamento dos jovens estudantes na Câmara de Natal se deparam com um cenário que remete á épocas de pouca liberdade de expressão e, mais tarde, quando estudantes foram às ruas pedir o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Melo. Os jovens natalenses de hoje, relembraram em gestos, alguns momentos históricos de um passado recente.
Compraram flores brancas que seriam entregues aos policiais, caso a intervenção militar tivesse ocorrido. E pintaram as caras, assim como fizeram milhares de brasileiros em 1992. Eles já conquistaram um espaço na história hoje contada pela imprensa local. Qual o espaço que essa história ocupará? O tempo dirá.
Fonte: tribunadonorte.com.br
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Marcos Imperial