Nas ruas, a radicalização de partidos como PSoL
e grupos como os Black Blocs vai tirando a simpatia da classe média sobre as
manifestações de protesto; no Congresso, articulação com PMDB barra implosão da
base governista; entre os presidenciáveis de oposição, críticas a programas
como o Mais Médicos não encontram repercussão no chamado povão; voltando a
escalar, gradualmente, os degraus das pesquisas de opinião, presidente Dilma
Rousseff age rápido em casos como a crise diplomática com a Bolívia, amplia arco
de diálogo e se reequilibra; quem disse que ela não sabe fazer política?
Via 247 – Pode estar
mordendo a língua quem diz que a presidente Dilma Rousseff não sabe fazer
política. Depois de parecer despencar nos humores do eleitorado, medidos pelas
pesquisas de opinião, ela acelerou o passo de sua agenda, vai cumprindo à risca
o combinado com seus principais conselheiros e, em consequência, já experimenta
uma recuperação nos mesmos levantamentos de opinião pública. Melhor ainda, para
ela, é que, entre a oposição, nenhum dos principais personagens está
conseguindo, até agora, atrair para si próprio o papel de ser considerado
melhor do que ela para a função.
À exceção da ex-ministra Marina Silva, a
única a apresentar ganhos significativos nos levantamentos de opinião apurados
após as manifestações estudantis de junho, ninguém está conseguindo faturar o
que a oposição gosta de chamar de sentimento coletivo de descontentamento. Ao
contrário. Ao agir com rapidez frente às mensagens estampadas nos cartazes nas
mãos dos jovens manifestantes, tanto ao chamar grupos organizados da sociedade
para conversar como mandando e aprovando no Congresso verbas bilionárias para o
setor de transportes, a presidente demonstra, na prática, não ter se assustado
com a voz das ruas.
GANHOS SEM PERDAS - Após
todos os movimentos de protesto, o que se tem é a popularidade da presidente em
alta tanto nas pesquisas Datafolha e Ibope de agosto, que já indicam 38% de
opiniões de ótimo e bom para a gestão de Dilma, contra, em ambas, 31% no mês
anterior, como nos levantamentos feitos pelo Palácio do Planalto. No mais
recente destes, a presidente saboreia 41% no quesito de aprovação do governo.
Na outra ponta, as avaliações de péssimo e ruim caíram de 31% para 24%.
Contribuem para a recuperação não apenas
os movimentos dela própria, mas, também, os erros da oposição.
Nas ruas, o PSoL e o grupo Black Bloc vão
se encarregando de assustar a classe média, com manifestações cada vez mais
violentas em grandes cidades como Rio e São Paulo. No Congresso, nenhum dos
presidenciáveis soube aproveitar, neste momento, a crise de relacionamento do
PMDB com o Planalto e, em lugar de um racha na base governista, o que se viu,
ontem, foi a própria presidente no plenário do Congresso para fazer as pazes,
ainda que armada, com o segundo maior partido.
COM INIMIGO INTERNO E SEM PALANQUES - Na mesma oposição, Aécio Neves enfrenta dentro do PSDB o
jogo contra promovido por José Serra, o que o levou, por exemplo, a fazer
pré-campanha em São Paulo, na semana passada, sem a presença do governador
Geraldo Alckmin, temente a Serra. No PSB, o governador Eduardo Campos tenta
montar seus palaques para 2014, ora conciliando com o governo, ora atacando-o,
mas ainda sem resultado prático.
No campo da administração, Dilma agiu
como rapidez e energia, como o cidadão comum gosta, no caso da crise
diplomática com a Bolívia, despachando sem delongas o então ministro das
Relações Exteriores, Antonio Patriota.
E a presidente também parece ter
encontrado a sua bala de prata, capaz de resolver o tiroteio, com o programa
Mais Médicos. A grita da classe conta o plano está se mostrando tão cheia de
ódio e preconceito, especialmente no episódio do xingamento aos médicos cubanos
em Fortaleza, de repercussão nacional, que mesmo quem era contra, agora, tende
a ficar a favor.
A manter essa sorte, e continuar
segurando, como pode, os efeitos da crise econômica mundial no Brasil, Dilma
vai calando os que já a viam como antecipadamente derrotada pelas dificuldades
do cargo. Postado por Marcos Imperial.
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